sábado, 21 de janeiro de 2017

O que é o objeto indireto de interesse (dativo ético)

        E-mail de Emiliano P.: “Professor, como se classifica o pronome ‘me’ que aparece na frase ‘Não me abra esta porta’? Trata-se de um objeto indireto ou de um adjunto adnominal?”
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       Caro Emiliano, alguns classificam esse pronome como objeto indireto de interesse. Ele na verdade não exerce função sintática; corresponde ao chamado dativo ético, ou de proveito, e não passa de um expletivo (partícula de realce). Sua função é indicar que o emissor está vivamente interessado em que a ação se realize (ou não). Quando a mãe diz ao filho: “Não me suje essa roupa”, ela quer dar ênfase à proibição. O menino sabe que, se não obedecer, vai contrariá-la e pode levar umas palmadas.    
      Não se deve confundir o dativo ético com o objeto indireto de referência. Se alguém diz: “O sofrimento dos outros me é indiferente”, está relacionando o enunciado da oração à sua pessoa. Que dizer que, para ela, pouco importa a dor dos outros.
     Atenção para a ambiguidade que aparece numa frase como: “O mundo me é indiferente”. Isso pode significar que o mundo é indiferente para essa pessoa (ela é que manifesta indiferença pelo mundo) ou que o mundo é indiferente a essa pessoa (ela é objeto da indiferença do mundo). Neste último caso o pronome não é objeto indireto, e sim complemento nominal.

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