sábado, 6 de dezembro de 2014

Diferença entre "embrião" e "feto"

       Ivana P. quer saber qual a diferença entre embrião e feto. “É verdade que somente o segundo é um ser vivo? Porque, se for assim, não têm razão para proibir as pesquisas com as células-tronco” – observa a leitora.

Sob o aspecto biológico, o termo embrião define o organismo imaturo, que está nos primeiros estágios de desenvolvimento. Do ponto de vista médico, embrião é o ser humano  durante as oito primeiras semanas de vida. Depois desse estágio, quando os traços do corpo estão claramente definidos, ele se transforma em feto.

O embrião é um ser vivo. A medicina – e sobretudo a Igreja – considera que a vida começa logo após a concepção. Daí a polêmica em torno do uso das células embrionárias, ou células-tronco. A boa nova é que os cientistas conseguem obter esse tipo de células sem matar os embriões.

domingo, 28 de setembro de 2014

"parar onde" ou "parar aonde"?

      E-mail de Luís F.: “Professor, o certo é: ‘Você vai parar aonde (ou onde)’? Obrigado.”
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         Caro Luís, o verbo “parar” não é de movimento. Quem para, para em algum lugar. Logo, diz-se “parar onde”. Um verbo como “ir”, que é de movimento, pede “aonde” e não “onde” ("Vou aonde poucos vão").

        Talvez a sua dúvida se deva à presença do verbo “ir” na frase. Observe, no entanto, que nela esse verbo aparece como auxiliar. Indica o propósito de realizar a ação. Por exemplo: “Vou viajar amanhã”. Como auxiliar, ele não determina o emprego de conectivos antes dos termos que indicam circunstâncias.

domingo, 21 de setembro de 2014

Sobre o par "tanto... quanto"

       E-mail de Leandro N.: “Professor, a frase ‘A prece é eficaz tanto quanto a medicina’ está correta? Obrigado.”
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       Está não, Leandro. O par “tanto... quanto” indica comparação, mas em frases como: “Ele estuda tanto quanto dorme.”

         No seu exemplo, o advérbio modifica adjetivo (eficaz) e não verbo. Nesse caso, o ideal é substituir o “tanto” por “tão”: “A prece é tão eficaz quanto a medicina”.

domingo, 11 de maio de 2014

Diferença entre "risco" e "perigo"

    E-mail de Edilson Z. S.: “Professor, dentre diversas definições o risco seria o ‘gerador do dano’ e o perigo o ‘causador do dano’? Se eu estiver correto, é errôneo dizer ‘risco de queda’, visto que o trabalho em altura (gerador) é o risco e a queda (causador) é o perigo?
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    Caro Edilson, determinada situação constitui um perigo por representar, ou trazer, o risco de alguma coisa. A língua aceita "risco de queda". O trabalho em altura é um perigo justamente por trazer esse tipo de risco. O risco seria, digamos, um gerador potencial (a queda, afinal de contas, poderá ocorrer ou não).
    Embora metonimicamente se possa usar "risco" como sinônimo de "perigo", há diferença. O fumo é um perigo porque, praticando esse ato, o indivíduo corre o risco de contrair enfisema ou ter um infarto. A moto é perigosa por envolver o risco de acidentes e morte. 

domingo, 6 de abril de 2014

Sobre o vocábulo "viva"

       E-mail de Marcela Castilho (Mariana, MG): “Gostaria, se possível, que o senhor me tirasse uma dúvida: no período ‘Viva a democracia’, qual a função sintática e morfológica de ‘viva’? Obrigada.”

       Cara Marcela, morfologicamente “viva” é o verbo “viver” flexionado no presente do subjuntivo. A frase tem valor optativo, ou seja, traduz desejo, aspiração. Do ponto de vista sintático, “viva” é núcleo de um predicado verbal cujo sujeito é “a democracia”.

       Essa forma verbal é usada como interjeição em frases do tipo: “Viva! Você obteve a maior nota!”. Nesse caso ela não exerce função sintática.  

quinta-feira, 20 de março de 2014

Gerúndio com sujeito indeterminado

    E-mail de Mônica S.: “Professor, fiz uma prova no final de semana anterior e estou com dúvida. Qual o sujeito em ‘olhando o relógio de bolso’? Respondi que é indeterminado, mas o gabarito deu como determinado simples. Obrigada.”

    O gerúndio admite indeterminação em frases como "Estudando, é possível vencer". Não me parece ser esse o caso na passagem que você traz. Nela o verbo deve fazer referência a um termo anteriormente expresso; logo, não há sujeito indeterminado. Deve se tratar de um sujeito oculto, mas para responder com segurança é preciso ver toda a questão.

Dúvida entre "porque" e "por que"

      E-mail de Luís F.: “Professor, está correto o uso de ‘porque’ na frase: ‘Não sei porque ela desistiu de viajar.’? Agradeço a resposta.”

    Não está, Luís. “Porque” (um vocábulo só) é conjunção; introduz uma oração que indica o motivo do que está expresso na oração principal. Por exemplo: “Ela desistiu de viajar porque tem medo de avião.”
  
     Na frase a que você se refere não existe oração causal. Existe uma oração objetiva direta na qual aparecem uma preposição e um pronome. Esses dois vocábulos devem estar separados: “Não sei por que (por qual razão) ela desistiu de viajar.”
 
 

domingo, 2 de março de 2014

Confusão entre o infinitivo e o presente do indicativo

E-mail de D. G. Barreto: “O SBT escreveu: ‘Imagine da noite para o dia você se ver com a responsabilidade de cuidar de um bebê após uma fatalidade’. Não seria 'se vê'?”

O correto é “se ver” mesmo. Esse verbo aparece numa oração objetiva direta reduzida do infinitivo. Se a desenvolvêssemos, teríamos: “Imagine que você se veja...”.


É comum a confusão entre “ver” (infinitivo) e “vê (presente do indicativo). Uma dica para saber a diferença é substituir o verbo por outro em que seja menor a semelhança entre esses tempos verbais; “perceber”, por exemplo.



Você diria: “Imagine você se percebe...” ou “Imagine você se perceber...”? Diria da segunda forma, é claro, pois o verbo está no infinitivo. É nesse tempo que também está o verbo na frase que você transcreveu.



Você diria: “Imagine você se percebe...” ou “Imagine você se perceber...”? Diria da segunda forma, é claro, pois o verbo está no infinitivo. É nesse tempo que também está o verbo na frase que você transcreveu.




domingo, 23 de fevereiro de 2014

Sobre o esquema tópico-comentário

     E-mail de Valéria X. L: “Professor, não me conformo quando escuto políticos, jornalistas, repórteres falando: ‘A Presidente Dilma ela esteve aqui’, ‘O filme ele foi muito bom’ ‘As crianças elas estão bem’. O pronome não seria uma redundância?”
                                             ****   O uso desse pronome, que ocorre sobretudo na linguagem oral, corresponde à atual tendência dos falantes em estruturar frases segundo o esquema tópico-comentário (em vez de sujeito-predicado).

    Os termos que iniciam as orações aparecem como tópicos, ou seja, como elementos autônomos que são depois retomados às vezes com a quebra da estruturação sintática (anacoluto). Por exemplo: “Aquela moça, não converso mais com ela."


        Você está certa: o pronome é uma maneira de reforçar o tópico.  Na linguagem oral, ele parece defini-lo após uma breve pausa (pausas, hesitações são muito comuns na fala). Já na escrita não há como justificar o pronome a não ser por razões estilísticas. Como neste exemplo de Herculano: “A podenga negra, essa corria pelo aposento.”

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

A diferença entre "senão" e "se não"

        E-mail de Raimundo T.: “Professor, como se classifica a palavra ‘senão’ e qual o modo de distingui-la de ‘se não’?”.

        O vocábulo “senão” classifica-se como conjunção alternativa (“Lute, senão você será derrotado”), conjunção adversativa (“Não desejava dinheiro, senão o reconhecimento do seu trabalho”) ou preposição (“Hoje não faz senão chorar”).
 

No conjunto “se + não” aparecem uma conjunção condicional e um advérbio de negação. Está implícito um verbo após esses dois vocábulos: “A aprovação indiscriminada é um procedimento antididático, se não (for) demagógico”.

Sobre o uso de "quando ter"

       E-mail de Cristóvão Sarmento: “Professor, li numa matéria sobre um medicamento para impotência sexual: ‘Por ser ingerido diariamente, não é preciso calcular quando ter relação (os outros remédios exigem um tempo para fazer efeito)’. Depois de ‘quando’ o certo não seria ‘tiver’?”

   A frase está correta, Cristóvão. O vocábulo “quando” nesse contexto não é conjunção, e sim advérbio. O redator afirma que, ao contrário de outros medicamentos, esse remédio pode ser ingerido sem que se precise calcular o momento adequado para ter relação.


    A oração iniciada por “quando” não é temporal, mas objetiva direta. Caso ela indicasse uma circunstância de tempo, o período ficaria lacunoso pois não se saberia qual o objeto do verbo calcular. 

domingo, 2 de fevereiro de 2014

A flexão de "todo-poderoso"

           Pergunta de José Fernandes, via Facebook: “Professor, o certo é ‘Todo-Poderoso’ ou ‘todo poderoso’, quando se referir a Deus? Uma professora me disse que seria ‘Todo Poderoso’”.
 
        “Todo-poderoso” é um adjetivo composto e, como tal, leva hífen. Quanto à flexão, mantém invariável o primeiro elemento, que equivale a um advérbio. Exemplo: “Ele é o todo-poderoso (Ela é a todo-poderosa) chefe da repartição”.
 
      Substantivado, equivale a Deus: “Precisamos crer no Todo-Poderoso”. Não existe o substantivo “Todo Poderoso”.

domingo, 19 de janeiro de 2014

Correlação verbal em questão de concurso


          Em prova elaborada pela Esaf  para Auditor da Receita Federal, a banca pede que o aluno leia o seguinte fragmento do filósofo Gerd Bornheim: "O advento da moderna indústria tecnológica fez com que o contexto em que passa a dispor-se a máquina mudasse completamente de configuração".

         Em seguida pergunta se se mantém a coerência da argumentação ao substituir-se "fez" por "faz" – desde que também se substitua "mudasse" por "mude".

         A resposta é que se mantém, sim. No âmbito da flexão verbal, o perfeito do indicativo se correlaciona com o imperfeito do subjuntivo (fez – mudasse). E o presente do indicativo, com o presente do subjuntivo (faz – mude). Não posso escrever, por exemplo: "A perspectiva do prêmio faz com que ele estudasse"; o correto é "estude". (Mais questões comentadas em http://www.chicoviana.com/concursos.php.)