segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Tendência do português a tonificar os pronomes oblíquos

        Michelle Colombo, de Limeira (SP), envia-nos questão “polêmica” de concurso para a prefeitura de São Paulo. A banca pede que o candidato assinale o comentário correto para justificar a próclise em frases do tipo “Me dê um copo de vinho!”. Lembra que muitos gramáticos contestam esse tipo de construção com base na regra de que não se inicia frase com pronome oblíquo átono.

        A candidata marcou a alternativa “a”, na qual se afirma que “os gramáticos estão corretos já que, de fato, os pronomes átonos só podem ser empregados encliticamente”. A banca considerou certa a alternativa “d”, segundo a qual “a regra indicada está perfeitamente correta, mas não se aplica ao pronome da frase, que é tônico na pronúncia brasileira, e não átono”.

       A alternativa que a candidata marcou está errada, pois os pronomes oblíquos podem ser usados tanto em próclise, quanto em ênclise (“Dê-me um copo de vinho”) ou mesmo em mesóclise (quase fora de uso). Só que a ênclise é comum no português de Portugal. Entre nós, devido à tendência a tonificar os pronomes, a preferência é pela próclise. Está, pois, correto o gabarito.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

A regência do verbo "preceder"

           E-mail de Alex M.: “Professor, várias questões de residência médica usam o verbo ‘preceder’ sem nenhuma preposição depois. Exemplo: ‘Maria precede João, ou o crescimento de Maria precede o de João’. No meu entender Maria está vindo primeiro, ou crescendo primeiro. Mas nas vezes em que respondi às questões com esse entendimento, errei. Por quê?”

         Caro Alex, o verbo “preceder” é transitivo direto e significa “vir antes” quando dá ideia de posição (temporal ou espacial): Por exemplo: “O artigo precede o substantivo”; “O inverno precede a primavera”.

          No sentido de “ter prioridade”, “ter precedência”, “superar”, esse verbo é transitivo indireto, ou seja, rege complemento preposicionado. Assim, o correto é “Maria precede a João nos exames de anatomia”. 

domingo, 16 de junho de 2013

Flexão do verbo "ter" com o sentido de "existir"

       E-mail de Jacqueline Santos: “Na frase ‘Tem coisas no texto que eu pratico constantemente’, o verbo TER tem acento ou não, ou seja, vai para o plural?”.
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        Nessa frase o verbo “ter” não leva acento, pois está na terceira pessoa do singular. Equivale ao verbo “haver” com o sentido de “existir” (Há coisas...). Com esse sentido ele é impessoal, ou seja, aparece numa oração sem sujeito (“coisas” é objeto direto). Consequentemente, não tem com quem concordar.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Quando usar "Ter que" ou "Ter de"


          E-mail de Graça Viana: “Professor, quando usar ‘tenho de’ ou ‘tenho que’. Exemplo:  Tenho de preparar o jantar, ou   Tenho que preparar o jantar?”
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            É possível usar qualquer das duas formas. Nesse caso o “que” é preposição, ou seja, equivale mesmo a “de”. Ligado ao verbo “ter”, adquire o valor de um auxiliar modal, que acrescenta ao infinitivo a ideia de obrigatoriedade.

domingo, 14 de abril de 2013

Maiúsculas nas siglas

          Teófilo Júnior quer saber se é obrigatório o uso de inicial maiúscula em cada palavra quando uma sigla é escrita por extenso
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         Caro Teófilo, o Acordo não alterou nada quanto a isso, de modo que se devem escrever com maiúsculas os nomes das palavras que fazem parte de uma sigla ou acrônimo. Exemplos: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, Organização das Nações Unidas etc.

Plural das locuções

        E-mail de Adauto F.: “Professor, existe alguma regra que oriente a pluralização do segundo elemento em ‘elevador de serviço’ ou ‘loja de roupa’”?
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      Caro Adauto, a regra geral é que, nas locuções, se pluralize apenas o primeiro elemento: estradas de ferro, elevadores de serviço etc. Quando o segundo elemento tem autonomia semântica e não serve de mera qualificação para o primeiro, fica no plural: “lojas de roupas”, “pastores de almas” etc. 

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Dúvida sobre crase

       E-mail de D.G.Barreto: "Na frase 'ACM Neto falta a leitura da mensagem do governador',  'a
leitura' tem crase?"
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  O "a" de "a leitura" recebe acento indicativo de crase, sim, pois o verbo "faltar" nesse contexto é transitivo indireto. Ou seja: rege complemento introduzido pela preposição "a", que se funde ao artigo definido feminino: "falta a a leitura" = "falta à leitura".

 

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Uma decisão... "cabe recurso"?

           
            E-mail de Tatiana C.: "Professor, está certo dizer que uma decisão ‘cabe recurso'? Obrigada."                                                  
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       Não. Dessa forma, parece que “a decisão” é sujeito do verbo “caber” -- e “recurso”, o seu objeto direto. 

   “Caber” é um verbo intransitivo, no necessita de complemento. Alguma coisa cabe, ou seja, é cabível. O que é cabível, no caso, é recorrer da decisão(“recorrer” no sentido de “interpor recurso”, é um verbo  transitivo indireto).

  Pode-se dizer “Da decisão cabe recurso” ou, transferindo o complementonominal para depois de “recurso”, que o rege: “Cabe recurso da decisão” Ou ainda: “Cabe recorrer da decisão”.

Caso se queira manter “a decisão” como sujeito, pode-se trocar o verbo “caber” por “ensejar”, “possibilitar”, “dar margem a” etc.: “A decisão enseja (possibilita, dá margem a) recurso.”

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Letras maiúsculas nas siglas

        Adauto F. quer saber "se se deve iniciar com maiúscula todas as letras de uma sigla escrita por extenso. Por exemplo: AIDS = Síndrome de Imunodeficiência Adquirida, ISS = Imposto Sobre Serviços.”
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          Nos siglemas com mais de três letras (Aids), a maiúscula aparece apenas na primeira. Nos de três, a maiúscula aparece em todas (ONU). Já nos sigloides, todas as letras são maiúsculas (ISS). 

         Caso os componentes do siglema venham por extenso, todos devem ser escritos com letra maiúscula. É o caso de  "Síndrome de Imunodeficiência Adquirida". (Só para esclarecer: siglema é a sigla que forma palavra; sigloide é a que não forma e deve ser pronunciada letra por letra).
            
         Atenção: artigos e preposições não são escritos com maiúscula. Assim, o correto é “Imposto sobre Serviços”.

"falso positivo" ou "falso-positivo"?

           Marina C pergunta se “falso-positivo” tem mesmo hífen. Se tem, qual o plural? 
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          Nessa palavra, o adjetivo “falso” tem valor de advérbio (falsamente positivo). Alguns preferem a forma “falso positivo”, ou seja, evitam considerá-la um composto -- mas não há razão para isso. Há compostos no português em que o primeiro elemento é um advérbio, a exemplo de “bem-humorado” e “todo-poderoso”. A grafia mais sensata é “falso-positivo”, que faz no plural “(exames) falso-positivos”.  

Banda larga de 15 mega (ou "megas"?)

         Adauto F. quer saber se a concordância nominal está correta em "Banda larga de 15 mega". 
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          No Sistema Internacional, o prefixo mega multiplica a grandeza a que se refere por um milhão (um megabaite significa um milhão de baites). Por derivação regressiva, tende a assumir o sentido da palavra inteira (assim como “um quilo” representa “um quilograma”). Nesse caso é possível pluralizá-lo, ou seja, dizer “dez megas”, da mesma forma que se diz “dez quilos”.

         Não há motivo para se opor a essa flexão, que é comum no uso da nossa língua.

“equânime” ou “equânimo”?

           A grafia corrente é equânime.  Trata-se de uma palavra erudita, derivada da expressão latina aequo animo (de igual ânimo). Daí vem, por extensão, o sentido de "justo", "imparcial", "moderado". Existe a variante “equânimo”, muito pouco usada. O Houaiss a registra; o Aurélio, não.

Vírgula antes de "etc."

              Manuel L. que saber se antes de “etc.” cabe ou não vírgula. Ele afirma que se depara com textos em que os autores ora colocam vírgula, ora não.
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             “Etc.” é uma abreviatura da expressão latina “et cetera”, que significa “e outras coisas”. Segundo o Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, deve ser precedido de pontuação.

            Celso Pedro Luft observa que, pela lógica, essa pontuação deve ser a mesma que separa os membros do conjunto.

Sendo assim, se os componentes do conjunto forem separados por vírgula, antes do “etc.” aparecerá uma vírgula. Se forem separados por ponto, antes dele existirá um ponto, e assim por diante.

Exemplos: 1) Ontem no shopping comprei roupas, jóias, sapatos, etc. 2) Os homens desistem facilmente dos seus objetivos. Uns, por descrença; outros, por medo; outros, por preguiça; etc. 3) As revistas vivem divulgando os caminhos da longevidade: comer muita fruta. Fazer exercícios. Trabalhar moderadamente. Evitar o stress. Etc.

A diferença entre "confisco" e "desapropriação"

              “Haverá famílias acampando nas praças, enquanto o governo federal não fizer o que prometeu: confiscar as terras improdutivas e distribuí-las a quem não tem onde morar”.
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Será que o governo federal prometeu mesmo confiscar as terras improdutivas? Ou falou, na verdade, em desapropriá-las?

“Confisco” é obtençãoem proveito do fisco”, geralmente devido a ações ilícitas. Caracteriza-se por não implicar nenhuma forma de retribuição às partes despojadas de seus bens ou direitos.

            a “desapropriação” pressupõe que essas partes sejam indenizadas. O que o governo prometeu, para fazer a reforma agrária, foi na verdade desapropriar os lotes infrutíferos.   

          Uma consulta ao Aurélio ou ao Hoauiss teria livrado o redator do vexame de trocar uma palavra pela outra.

"ciclo" ou "círculo" vicioso?

           “Mas o perigo está na praga do ciclo vicioso de represálias e contra-represálias, uma das maldições que pairam sobre israelenses e palestinos...” (Veja)
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A praga a que se refere o redator diz respeito a uma situação que jamais se resolve (o conflito entre os iraquianos e as tropas americanas), em razão de os meios empregados para resolvê-la esbarrarem nos mesmos obstáculos.

Por mais que se procure contornar o problema, sempre se volta ao ponto de partidatal como acontece no desenho de um círculo.

           A expressão que ele deveria ter usado, pois, é círculo vicioso. Comocírculo e “ciclo são palavras semelhantes, ou parônimas, muita gente incorre nesse tipo de engano.

"estadia" ou "estada"?

           “Durante sua estadia em Salvador, ele pretende pesquisar os rituais de origem africana”. (Do jornal)
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            Há uma diferença entreestada” e “estadiaque infelizmente poucos observam. Sobretudo na fala cotidiana, é comum usar-se uma palavra pela outra.
 
            Estadia” indica “permanência em um lugar por tempo limitado”. Diz respeito ao tempo que se concede a um navio, no porto, para carga e descarga. estada” significa “o ato de estar”. Usa-se esta palavra quando não se limita o período em que alguém vai permanecer em determinado lugar.

           Na frase acima, fica em aberto o prazo de duração da pesquisa. É mais adequado falar de uma “estada em Salvador”.

Não existe "aficcionado"

     “As Olimpíadas estimulam o congraçamento universal e são uma festa para os aficcionados pelos esportes”. (Do jornal)  
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Quem não se alegrou nada com isso foi a língua, duplamente ferida pelo arroubo olímpico do jornalista.

O termo “aficcionado” não existe. Está usado erroneamente no lugar de “aficionado”, que significa “afeiçoado”, “entusiasta”. E rege complemento introduzido pela preposição de, e não por. O correto é dizer, por exemplo, que alguém é aficionadodo futebol”, “da Fórmula Um” – e nãopelo futebol”, “pela Fórmula Um”. 

           Alguns puristas condenam o uso dessa palavra, que vem do espanhol, e sugerem que ela seja substituída por um sinônimo. Recomendação inútil. “Aficionado” tem hoje largo emprego no português.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

A diferença entre "cafetão" e "gigolô"

Cafetão” (oucáften”) é o indivíduo que vive da prostituição. Ele pode fazer isso explorando meretrizes ou se estabelecendo como dono de prostíbulo.

           O termogigolô”, por sua vez, designa o homem que vive à custa de meretriz ou que é sustentado pela amante. Ao contrário do cáften, que é um profissional, o gigolô é mais um espertalhão ou preguiçoso.

O que é "W.O."?

             Pedro M. é viciado em futebol de botão. Quando não comparece a uma partida, "perde por W.O.". Ele quer saber o que significam essas letras.
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“W.O.” é a abreviatura inglesa para walkover, que singifica “vitória fácil ou sem resistência numa competição esportiva”. No turfe, fala-se em wolkover quando corre um único cavalo devido à desistência dos demais.

            Por extensão de sentido, W.O. designa a vitória de um competidor pelo não comparecimento do(s) adversário(s). A rigor, quando se falta a um jogo, é o concorrente que vence por W.O.

“ioga”, “iôga” ou “yoga”?

Não é preciso meditar muito para responder. “Ioga é uma palavra aportuguesada e, como tal, não se escreve com “y”.
 
Quanto ao acento circunflexo, ele é dispensado mesmo que na língua original a palavra tenha o “o” fechado (ô). Não acentuamos vocábulos comoboca”, “moça”, “sopa” – e nem por isso eles se pronunciam /bóca/, /móça/, /sópa/.

             A melhor pronúncia em português é mesmo /ióga/, ou seja, com o “o” aberto.

A flexão da palavra "longe"

            
               Otaciana F. Lima quer saber se a palavralonge” pode se flexionar no plural.

               Como advérbiolongenão se flexiona. É invariável. Diz-se, por exemplo: “Pelo desejo de tentar a vida no exterior, muitos brasileiro hoje vivem longe”. Mas “longe” pode ser também adjetivo e substantivo. É possível falar de “estradas longes”, “longes cidades” etc.

               Como atributo, a palavra tem o sentido de “longínquo”, “distante”. Confira: “Deixou a família e hoje segue longes caminhos”. Quando é substantivo, “longe” indica o fundo de uma pintura ou paisagem, e a parte distante de uma região:  “Os longes do quadro eram de um violeta esmaecido”;  Mora nos longes de Goiás”.

  Como substantivo a palavra é usada metaforicamente com o sentido de “vislumbres”, “pressentimentos”, “semelhanças”. Veja o exemplo: "Antes de adormecer, teve uns longes do que lhe aconteceria no exame”.

"tampouco" ou "nem tampouco"?

Tampouco” é advérbio e significa “nem também”, “também não”, “muito menos”. Exemplo: “Ele não veio, tampouco se justificou”.

            Como traz implícita a expressão negativa, seria redundância repeti-la através da conjunçãonem”. É incorreto dizer, por exemplo: “Não fui ao jogo, nem tampouco o vi pela televisão”. Usando o “tampouco”, o falante informa que também não o viu.

"dar-se ao luxo" ou "dar-se o luxo"?

Ambas as construções estão certas. Posso dizer “Pedro dá-se ao luxo (ou o luxo) de viajar à Europa três vezes por ano.”

           No primeiro caso, o verbo dar é pronominal e tem um único complemento, que é o objeto indireto “ao luxo”. No segundo, ele é bitransitivo; “o luxo” funciona como objeto direto, e o “se”, como indireto.

"eventos multimídias" ou "eventos multimídia"?

Multimídia” é um substantivo feminino que designa a utilização de veículos de diversas categorias numa campanha publicitária. Ou o apelo a vários meios de expressão em obras de arte (teatro, vídeo, música etc.). Tem como sinônimos “mídia-mix” e “multimédia” (forma esta comum em Portugal).

Multimídia” é invariável, mesmo quando usada como adjetivo. Não se flexiona no plural. Estão erradas, pois, construções do tipo: “eventos multimídias”, “performances multimídias”, “campanhas multimídias” etc. Vez por outra nos deparamos com uma delas em nossos jornais. Mas o fato é que soam mal e devem ser evitadas.

"fim de semana" ou "final de semana"?

Emfim de semana”, a palavrafim” equivale a “final” e significa “o último período de um espaço de tempo maior” (Houaiss). Exemplo: “Separado, o pai encontra o filho nos fins (ounos finais”) de semana”. "Fim de semana" (antes escrito com hífen) significa também o lazer fruído durante esse período: “Carlota e o marido tiveram um excelente fim de semana em Camboinha”.

Muitos estranham o uso da palavrafinalem expressões como: “no final do programa”, “no final da tarde” etc. Defendem que nesses casos se use a palavrafim”, que se opõe a “início”, pois não se diz no “inicial do programa”, no “inicial da tarde”.

Quem assim argumenta se esquece de quefinalnão é apenas adjetivo.  É também substantivo e pode ser usado como sinônimo de “fim

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

"lance" ou "lanço"?

No sentido de “oferta feita num leilão”, pode-se usar indiferentementelanceoulanço”. Observa-se, no entanto, preferência pela primeira forma. Quando os jornais noticiam a venda de um Picasso, dizem que ele foi arrematado “por um lance de tantos milhões de dólares”.

Embora essas duas palavras tenham mais de um sentido comum, nãoregistro no dicionário de “lance” indicando o “espaço entre dois patamares de uma escada”.

Neste caso a palavra correta é mesmolanço”: “Para chegar ao escritório, no sétimo andar, é preciso subir mais dois lanços”.

O ponto nas citações


Cleanto Martins quer saber se, numa citação, o ponto final fica antes ou depois das aspas.
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As regras para o uso do ponto em citações são as seguintes:

1) Se a citação não inicia o período, mas o encerra, o ponto fica depois das aspas:
   Segundo Lavoisier, “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.

2) Quando a citação inicia mas não encerra o parágrafo, o ponto fica antes das aspas:
  “O mundo seria melhor se houvesse mais tolerância entre as pessoas.” Com essas palavras, ele encerrou o discurso.

3) Na hipótese de se iniciar e suspender a citação, o ponto fica antes das aspas:

  “Desisti de concorrer àquela vaga”, justificou ele, “pois não me considero preparado.”