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de Suzana F.: “Professor, vi na vitrine de uma loja a inscrição ‘Ofertas que
não dá para perder’, O verbo dar pode ficar no singular? O correto não seria ‘dão’?
Obrigada.”
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Caro Suzana, o correto é mesmo “dá”.
Há nesse anúncio um substantivo (ofertas) modificado por uma oração chamada
adjetiva, que se inicia pelo conectivo “que” (pronome relativo).
Esse conectivo, de fato, retoma “ofertas”, que
está no plural. Mas “ofertas” não é sujeito do verbo “dar”, e sim objeto direto
do verbo “perder” (o que não dá é “perder as ofertas”). Alguns chegam a cometer
pleonasmo, reforçando o objeto com um pronome oblíquo: “Ofertas que é
impossível perdê-las”.
Suponha que, em vez de “dá”, aparecesse
uma expressão equivalente (por exemplo: “é impossível”). Ninguém diria “ofertas
que são impossíveis perder”, mas sim “ofertas que é impossível perder”.
Esquematizando a estrutura, temos: ofertas
(as quais) -- não dá -- (para)
perder (as quais, ou seja, perder as ofertas).
Mesmo que se considere a oração iniciada pelo “que”
como consecutiva, não se pode considerar “ofertas” como sujeito do verbo “dar”.
O enunciado equivaleria a: “ofertas tais, tão boas, que perdê-las (sujeito) não dá.”
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