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de Emiliano P.: “Professor, como se classifica o pronome ‘me’ que aparece na frase ‘Não
me abra esta porta’? Trata-se de um objeto indireto ou de um adjunto
adnominal?”
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Caro Emiliano, alguns classificam
esse pronome como objeto indireto de interesse. Ele na verdade não exerce
função sintática; corresponde ao chamado dativo
ético, ou de proveito, e não
passa de um expletivo (partícula de realce). Sua função é indicar que o emissor
está vivamente interessado em que a ação se realize (ou não). Quando a mãe diz
ao filho: “Não me suje essa roupa”,
ela quer dar ênfase à proibição. O menino sabe que, se não obedecer, vai
contrariá-la e pode levar umas palmadas.
Não se deve confundir o dativo ético
com o objeto indireto de referência. Se alguém diz: “O sofrimento dos outros me é indiferente”, está relacionando o
enunciado da oração à sua pessoa. Que dizer que, para ela, pouco importa a dor dos
outros.
Atenção para a ambiguidade que aparece
numa frase como: “O mundo me é indiferente”. Isso pode significar que o mundo é
indiferente para essa pessoa (ela é
que manifesta indiferença pelo mundo) ou que o mundo é indiferente a essa pessoa (ela é objeto da
indiferença do mundo). Neste último caso o pronome não é objeto indireto, e sim
complemento nominal.
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