Essa
locução constitui um pleonasmo, mas ele não é vicioso. O pleonasmo vicioso indica
desconhecimento do sentido das palavras; quem fala em “breve alocução” parece
desconhecer que alocução é um “discurso breve”. O mesmo ocorre em expressões
como “elo de ligação”.
O critério mais importante
para considerar vicioso o pleonasmo é a ausência de efeito expressivo. Nesse
tipo de construção, o acréscimo semântico em nada realça ou intensifica o sentido
do outro termo.
Pelo critério puramente semântico, “pessoa
humana” seria um pleonasmo vicioso. Um dos sentidos de “pessoa”, conforme o dicionário,
é o de ser “humano” (e poucos desconhecem isso. A prova de que não desconhecem é a percepção de que nessa locução
existe um pleonasmo)
Já pelo critério estilístico, o
acréscimo do adjetivo “humano” tem um grande peso (o que não ocorre quando se
acrescenta a “alocução” o adjetivo “breve”; ou, a elo, o atributo “de ligação”).
Em
“pessoa humana”, a humanidade da pessoa é reiterada para encarecer uma
qualidade que essencialmente a caracteriza. Existe um tipo de pleonasmo cuja
função é fazer isto sobretudo no plano material; é o “epíteto de natureza”, que
aparece em locuções como “gelo frio”, “noite escura”, “cadáver mudo”. Ele nada
tem de vicioso.
O epíteto de natureza lembra o chamado
“argumento de presença”, pelo qual se reitera o óbvio por considerá-lo às vezes
esquecido. O argumento de presença é, no plano da argumentação, o que o epíteto
de natureza é no plano semântico (ou, mais propriamente, estilístico). Enfatiza
traços próprios, essenciais, que são por vezes negligenciados.
É importante vez por outra lembrar que
uma pessoa é humana, ou seja, que por sua humanidade ela se configura como tal.
Nem todos têm sempre isso em mente.